Transtornos de aprendizagem: como identificar e apoiar alunos com TEA na escola

Falar sobre transtornos de aprendizagem na escola é essencial para garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma educação inclusiva, acolhedora e efetiva.  Apesar de serem mais comuns do[...]

Práticas Pedagógicas
26/06/2025
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menino com dificuldade na lição, sendo orientado pela professora em sala de aula.

Falar sobre transtornos de aprendizagem na escola é essencial para garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma educação inclusiva, acolhedora e efetiva. 

Apesar de serem mais comuns do que se imagina, muitos casos ainda passam despercebidos, comprometendo o desenvolvimento acadêmico, emocional e social de crianças e adolescentes. 

Compreender os sinais, saber como apoiar e conhecer estratégias de intervenção são ações que fazem toda a diferença na trajetória desses alunos. Quer entender melhor o assunto? Então, confira mais a seguir!

Transtornos de aprendizagem segundo o DSM-5

Os transtornos de aprendizagem, de acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), são condições neurodesenvolvimentais que comprometem habilidades específicas de leitura, escrita e matemática, de forma persistente e significativa, apesar de uma inteligência preservada e de oportunidades educacionais adequadas. 

Diferentemente de dificuldades passageiras, os transtornos de aprendizagem são duradouros e impactam diretamente a vida escolar. Eles não têm relação com falta de esforço, mas sim com como o cérebro processa determinadas informações.

Principais transtornos de aprendizagem e suas características

Entre os principais transtornos de aprendizagem estão a dislexia, a discalculia e a disgrafia. A dislexia, também conhecida como transtorno da leitura, é caracterizada por dificuldades em reconhecer palavras, decodificar textos e compreender o que se lê. 

Já a discalculia, ou transtorno da matemática, se manifesta na dificuldade em compreender conceitos numéricos, cálculos e raciocínio lógico. Por fim, a disgrafia, também chamada de transtorno da expressão escrita, afeta a habilidade de escrever de forma legível, organizada e coerente. 

Esses transtornos podem ocorrer isoladamente ou em conjunto, dificultando ainda mais o processo de aprendizagem.

Entendendo os níveis de gravidade: leve, moderado e grave

Os transtornos de aprendizagem podem ser classificados em três níveis de gravidade. No nível leve, as dificuldades são perceptíveis, mas, com intervenções bem direcionadas, o aluno consegue acompanhar a turma com certa autonomia. 

No nível moderado, as intervenções precisam ser mais frequentes e individualizadas, exigindo adaptações curriculares. Já no grau grave, os impactos são significativos, tornando necessário um acompanhamento intensivo, com recursos especializados, planos educacionais personalizados e, em alguns casos, apoio de equipes multidisciplinares externas.

Transtornos de aprendizagem e comorbidades frequentes

É bastante comum que transtornos de aprendizagem estejam associados a outras condições, como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade e Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Quando isso ocorre, os desafios aumentam, tanto para os alunos quanto para os professores e famílias. A coexistência desses transtornos potencializa as dificuldades, tornando ainda mais necessária uma abordagem integrada, que contemple tanto o desenvolvimento acadêmico quanto o socioemocional dos estudantes.

Como identificar sinais de alerta em sala de aula?

Perceber os sinais dos transtornos de aprendizagem exige sensibilidade por parte dos educadores. 

Alguns indícios são recorrentes, como dificuldade persistente na leitura e na escrita, erros ortográficos frequentes, resistência a atividades de matemática, desorganização nos cadernos, demora para copiar da lousa, problemas em compreender instruções e baixa autoestima em relação às tarefas escolares. 

É importante que os professores estejam atentos não apenas ao rendimento acadêmico, mas também aos comportamentos, pois crianças que enfrentam essas dificuldades frequentemente se mostram desmotivadas ou ansiosas em sala de aula.

Importância de um diagnóstico multidisciplinar

O diagnóstico dos transtornos de aprendizagem deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta por psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos e, quando necessário, neurologistas. 

Esse processo é fundamental para diferenciar dificuldades pontuais de transtornos específicos e garantir que o plano de intervenção seja adequado à real necessidade do aluno. Quando o diagnóstico é realizado precocemente, os impactos são muito menores e as estratégias de apoio se tornam mais eficazes.

Impactos da falta de diagnóstico e intervenção

A ausência de diagnóstico e intervenção para transtornos de aprendizagem pode gerar consequências sérias para os estudantes. 

Crianças e adolescentes que não recebem o suporte adequado tendem a apresentar baixo desempenho escolar, desmotivação, desenvolvimento de quadros de ansiedade, depressão e, infelizmente, maiores taxas de evasão escolar. 

Além disso, os impactos se estendem para a vida adulta, comprometendo o acesso ao mercado de trabalho e às oportunidades acadêmicas.

Estratégias pedagógicas para apoiar alunos com transtornos de aprendizagem

Diversas estratégias podem ser aplicadas em sala de aula para apoiar alunos com transtornos de aprendizagem. Entre elas estão o uso de recursos visuais, atividades lúdicas, ensino multissensorial, textos adaptados, avaliações diferenciadas e reforço positivo

Além disso, é fundamental trabalhar o desenvolvimento das funções executivas, como organização, planejamento e autorregulação. Metodologias ativas, como sala de aula invertida, gamificação e aprendizagem baseada em projetos, também favorecem o desenvolvimento desses alunos.

Leia mais: Experimentos científicos na sala de aula: promovendo a aprendizagem prática e divertida.

A importância de planos educacionais personalizados

Os planos educacionais personalizados são essenciais para garantir que os alunos com transtornos de aprendizagem tenham acesso ao currículo de forma justa e significativa. 

Esses planos devem considerar as características individuais, os pontos fortes e as necessidades específicas de cada estudante. 

Eles podem incluir adaptações no tempo de prova, na quantidade de atividades, no formato das avaliações e até no uso de tecnologias assistivas. Dessa forma, os alunos conseguem desenvolver suas potencialidades, sem serem penalizados pelas suas dificuldades.

O papel da escola no acolhimento e na inclusão

A escola tem um papel central na promoção de um ambiente acolhedor e inclusivo. Isso significa ir além de simplesmente identificar os transtornos de aprendizagem, buscando construir uma cultura escolar que valoriza a diversidade e oferece suporte contínuo aos alunos. 

Quando a escola se posiciona como um espaço que entende, acolhe e apoia, ela fortalece não só o desenvolvimento acadêmico, mas também a autoestima e o bem-estar dos estudantes.

Formação de professores e suporte pedagógico

Para que o trabalho com alunos que têm transtornos de aprendizagem seja realmente eficaz, é indispensável investir na formação continuada dos professores. Cursos, palestras e capacitações sobre neurodesenvolvimento, práticas inclusivas e metodologias diferenciadas fazem toda a diferença no preparo dos educadores. 

Além disso, o suporte da equipe pedagógica, com orientação constante, é fundamental para que os professores se sintam seguros e preparados para lidar com os desafios do dia a dia.

Parceria entre escola e família

Nenhuma estratégia terá sucesso sem a participação ativa dos responsáveis. A parceria entre escola e família é essencial para garantir que os alunos com transtornos de aprendizagem recebam suporte tanto no ambiente escolar quanto em casa. Manter uma comunicação clara, objetiva e acolhedora fortalece essa relação. 

Reuniões periódicas, orientações sobre como ajudar nas tarefas de casa e troca de informações sobre o desenvolvimento do aluno são práticas que fazem toda a diferença.

Exemplos de boas práticas em escolas brasileiras

professora interage de forma positiva com crianças durante atividade lúdica na escola.

Felizmente, muitas escolas brasileiras já estão desenvolvendo projetos incríveis voltados ao atendimento de alunos com transtornos de aprendizagem. 

Há instituições que criaram salas de apoio pedagógico com atendimento personalizado, implementaram o uso de tecnologias assistivas e  desenvolveram programas de leitura mediada e oficinas de raciocínio lógico. 

Outras investem em formações constantes para os professores e em campanhas de conscientização com toda a comunidade escolar, mostrando que a inclusão é uma construção diária e coletiva.

Leia mais: Mundo VUCA: o impacto na educação e estratégias para preparar os alunos

Conclusão

Falar sobre transtornos de aprendizagem é falar sobre a construção de uma educação mais justa, inclusiva e humanizada. Reconhecer os sinais, buscar o diagnóstico adequado e implementar estratégias de apoio não é apenas uma questão pedagógica, mas um compromisso social. 

Quando escola e família atuam juntas, cada aluno tem a oportunidade de desenvolver seu máximo potencial, superando desafios e construindo uma trajetória de sucesso, aprendizado e realização pessoal.

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